Especialista destaca que o vício digital pode afetar a saúde mental e estar associado a condições como ansiedade, depressão e TDAH
O uso da internet faz parte do cotidiano de milhões de pessoas. Podemos dizer que está praticamente impossível viver sem, já que, ela veio pra revolucionar e facilitar nosso dia a dia, com praticidade em diversos serviços. Mas, o problema começa quando a internet deixa de ser ferramenta funcional e passa a interferir na vida do usuário. Seja no âmbito pessoal, acadêmica ou profissional.
A professora doutora Railma Dantas, psicóloga e coordenadora do curso de Psicologia da Ages, instituição pertencente ao ecossistema Ânima, explica os principais sinais do vício digital, suas consequências e formas de prevenção.
Em tempos de hiperconexão, em que a internet e as redes sociais fazem parte da rotina de milhões de pessoas, cresce também a preocupação com o uso excessivo das telas, que pode evoluir para um quadro de dependência digital.
Principais sinais do vício digital
De acordo com a especialista, alguns comportamentos acendem o alerta:
• Dificuldade de controlar o tempo online – planejar ficar 10 minutos, mas passar horas conectado;
• Sintomas emocionais – irritabilidade ou ansiedade quando não está online
• Negligência de responsabilidades – esquecer compromissos e ter prejuízos nos estudos, trabalho e até relações pessoas
• Troca de sono, alimentação e compromissos sociais pelas redes
• Isolamento social – preferir interações virtuais a encontros presenciais;
“Um exemplo claro é quando alguém acorda de madrugada para checar notificações e depois não consegue mais dormir”, explica Railma.
Uso frequente x vício
O uso frequente da internet não é necessariamente um problema. “O vício acontece quando o uso se torna compulsivo e começa a gerar prejuízos”, destaca a psicóloga.
O que diferencia: um estudante que passa cinco horas em aulas online está em um uso saudável. Já quem usa o mesmo tempo apenas em redes sociais, atrasando prazos e perdendo notas, apresenta um uso prejudicial.
Consequências para a saúde
O excesso de tempo conectado pode gerar impactos na saúde mental, provocando ansiedade, depressão e baixa autoestima e na saúde física trazendo dores posturais, sedentarismo, distúrbios do sono e cansaço visual. Segundo Railma, passar horas seguidas em frente à tela pode levar, por exemplo, à síndrome do olho seco e à dificuldade de concentração.
O vício digital pode estar associado ainda a condições como ansiedade, depressão e TDAH. “Muitas vezes o uso excessivo é uma tentativa de fuga de preocupações ou de busca de alívio, mas acaba agravando os sintomas já existentes”, alerta a psicóloga.
O papel da psicologia
O acompanhamento psicológico é essencial para lidar com o problema. “Na terapia, trabalhamos a consciência do uso, a identificação de gatilhos e estratégias de autorregulação, como organização do tempo e mindfulness”, afirma Railma. Além disso, o processo incentiva a busca por atividades offline que proporcionem prazer e bem-estar.
A orientação é buscar um psicólogo quando houver prejuízos claros, como queda no desempenho escolar ou no trabalho, conflitos familiares, isolamento social e insônia.
Um exemplo comum, segundo a especialista, é o de adolescentes que passam noites em jogos online e deixam de frequentar aulas.
Como prevenir a dependência digital
Entre os hábitos que ajudam a manter o equilíbrio, a psicóloga destaca:
• definir horários para o uso da internet, com ajuda de alarmes;
• desligar notificações desnecessárias;
• reservar momentos sem tela, principalmente antes de dormir e durante as refeições;
• praticar atividades offline, como esportes, leitura e encontros sociais.
No dia 27 de agosto, é comemorado o Dia do Psicólogo, data que marca a importância desse profissional no cuidado com a saúde mental. Ele ajuda o paciente a identificar os gatilhos que levam ao uso compulsivo, desenvolver estratégias de autocontrole, melhorar a organização do tempo e fortalecer relações fora do ambiente virtual. Além disso, o acompanhamento psicológico promove o autoconhecimento e auxilia na construção de uma relação mais equilibrada com a tecnologia.
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